Empresas colombianas que vão mais longe com seus investimentos
O investimento direto da Colômbia no exterior (Idce) tem crescido desde 1994, mas atinge apenas 57 países.
Além disso, apenas um número limitado de empresas se atreve a operar diretamente em mercados de alto crescimento na Ásia e na África.
A medição do LosDatos.com, com base em números do Banco de la República, indica que dos US$ 57,505 bilhões em estoque de investimento direto colombiano no exterior (Idce) em junho de 2018, 78,8% estavam nas Américas, 21% na Europa e apenas 0,05% na Ásia e na África.
“O empresário colombiano médio se dá bem nas Américas, no Caribe e nos mercados latinos, mas tem pouco interesse em aprender sobre culturas e mercados diferentes, como a Eurásia”, disse ao EL TIEMPO Juan Alfredo Pinto Saavedra, ex-embaixador da Colômbia na Turquia e ex-representante diplomático na Índia.
Em sua opinião, os empresários colombianos precisam ousar vender e se estabelecer em mercados culturalmente mais complexos e aprender as particularidades de cada um deles. Entretanto, há marcas colombianas que ousaram aterrissar em destinos distantes, seja por meio de presença direta ou de franquias.
Um deles é o Juan Valdez Café, cujos primeiros pontos de venda foram abertos em 2014 no Kuwait, na Coreia do Sul e na Malásia. Em 2016, abriu seu primeiro ponto de venda no Bahrein. Ela foi precedida pela Colcafé (parte do Grupo Nutresa), que em 2013 comprou 44% da empresa malaia Dann Kaffe (DKM) e depois assinou uma joint venture com a japonesa Mitsubishi para criar a Oriental Coffee Alliance e comercializar os produtos da DKM na Ásia.
A Nutresa baseou o acordo no fato de que a Malásia é uma ótima plataforma para fazer negócios com o restante do Sudeste Asiático, pois tem acesso a matérias-primas competitivas, boas cadeias logísticas para o comércio internacional, mão de obra qualificada, estabilidade política e um sistema jurídico atraente. Enquanto isso, a empresa de análise de mercado Euromonitor International informa que o negócio de café na região de Mena (Oriente Médio e Norte da África) vale US$ 4 bilhões, com um crescimento de 5,5% em 2017. E, de acordo com a revista Forbes, a região abriga os 15 países mais ricos do mundo e seis dos 50 principais países para se fazer negócios. O PIB anual per capita somente nos Emirados Árabes Unidos (EAU) é de cerca de US$ 38.000, seis vezes maior que o da Colômbia.
A Quipux começou a operar no final de 2013 na Costa do Marfim. Ela ganhou um contrato do governo desse país da África Ocidental para operar registros de trânsito e transporte. O investimento é de cerca de 41 milhões de dólares durante o período de concessão de 25 anos. Além disso, a Quipux abriu um escritório no Senegal no ano passado. O presidente da empresa, Hugo Zuluaga Giraldo, diz que eles geram 500 empregos na Costa do Marfim e que priorizaram o continente porque sua população é de cerca de um bilhão e várias nações estão crescendo 5% ao ano ou mais. A Quipux também tem presença direta na província canadense de Quebec e no Rio de Janeiro (Brasil).
Entre os grupos que desembarcaram em destinos exóticos estão o Grupo Fanalca, que em 2011 se tornou o operador de um sistema BRT (semelhante ao TransMilenio) em Joanesburgo (África do Sul), e a Ajover-Darnel, uma empresa de plásticos que tem fábricas no Brasil, EUA, Equador, Uruguai, Espanha, Turquia, Israel e Rússia, onde entrou há alguns meses. Por sua vez, o Grupo Daabon, dedicado a negócios agroindustriais, como o abacate, estabeleceu uma subsidiária no Japão em 2001 e outra em Sydney (Austrália) em 2003. Há alguns anos, a Federacafé fez o mesmo, com um escritório em Tóquio (Japão). A Blindex, por sua vez, tornou-se sócia de uma fábrica em Amã (Jordânia) que fornece veículos blindados.
Fonte: El Tiempo – 18 Nov 2018 – 7:24 PM